Quando olhamos com cuidado, percebemos que razão não é sinônimo de inteligência…
Há aproximadamente 70 mil anos, o cérebro humano entrou em um processo de desenvolvimento espantoso, que o levou à forma atual em apenas 40 mil anos (um piscar de olhos evolutivo). Esse período ficou conhecido como Revolução Cognitiva.
Não precisamos ir muito longe para notar que, sem as vantagens cognitivas adquiridas nessa época, seríamos um pouco frágeis e ocuparíamos um andar bem menos privilegiado na cadeia alimentar. À primeira vista, o raciocínio lógico parece ter sido a grande chave para nosso sucesso evolutivo, mas não é bem assim… hoje, sabemos que o grande triunfo do homem foi devido às suas habilidades sociais.
Na verdade, hoje nossa razão é considerada um instinto tão cru quanto qualquer instinto emocional. Nossas decisões são tomadas principalmente pelas partes mais profundas e antigas do cérebro, que são emocionais, e nossa razão infantil elabora argumentos formidáveis para justificar até mesmo as atitudes mais insensatas, ainda sustentando um discurso de superioridade.
É natural, pois as crianças caninas também tendem a brincar mais com o brinquedo que é novo. O Neocórtex, responsável por toda essa tagarelice, tem apenas 30 mil anos de idade… esquece que suas ideias só fazem sentido enquanto os vizinhos do andar debaixo (Sistema Límbico e Complexo R) estão cooperando. Se eles, com seus milhões de anos, estiverem insatisfeitos, fica extremamente difícil encontrar os estimados traços de racionalidade no ser humano.
Nesse cenário, afirmo: para alcançar a verdadeira inteligência é necessário muito mais do que aprender matemática. É preciso que o indivíduo volte suas ferramentas de análise para seu próprio funcionamento interno, sua própria origem e natureza, e passe a atuar no mundo integrando seus aparatos emocionais. Se isso não acontece, a ciência não trabalha para a felicidade coletiva e outros objetivos realmente desejáveis, e acaba fazendo o papel contrário achando que vai se dar bem de alguma forma… doce ilusão.