A Boa Racionalidade

Se a razão é um instinto tão bruto quanto qualquer outro, como refiná-lo?

Há muitos séculos diversas doutrinas filosóficas se ocupam com essa questão. Muitas delas já desvendaram leis que hoje a neurociência apenas comprova, como:

  • A necessidade de equilíbrio emocional para tomar boas decisões;
  • O valor do exercício físico regular para uma mente capaz de raciocinar com clareza;
  • O valor das virtudes e dos bons hábitos, como boa alimentação e boas noites de sono, para que o corpo e a mente permaneçam bem lubrificados.


Com tantas contribuições valiosas para um bom uso dessa poderosa ferramenta cognitiva, vale ressaltar uma das mais fundamentais, voltada para a organização do pensamento:

Aristóteles, um dos maiores filósofos gregos, desenvolveu um método simples para aproximar o pensamento da verdade objetiva. Apesar de nem sempre ser possível encontrá-la em certeza, esse método nos permite trilhar o caminho mais seguro possível em nossos esforços dialéticos. Ele é composto de apenas alguns passos:

Primeiro, toda afirmação deve ser considerada verdadeira, por mais absurda que possa parecer.

Segundo, antes de ser aceita em plenitude, deve-se expô-la à sua antítese. Assim, é possível verificar quão confiável ela é.

Por último, cabe ao pensador avaliar os argumentos pró e contra a afirmação inicial, para decidir em liberdade total se acolherá tal afirmação em seu repertório ou não.

As duas lições mais importantes aqui são as seguintes: toda afirmação envolve um risco, mesmo que seja muito pequeno, portanto, não se deve jamais confiar cegamente em uma afirmação porque um dia ela pode encontrar uma antítese mais forte que ela, e nenhuma afirmação deve jamais ser descartada em absoluto.

Esse método está na base do pensamento científico, mas quantos conhecimentos antigos muito sólidos deixaram de ser considerados pela ciência por essas regras de humildade terem sido abandonadas, para só depois alguns serem redescobertos e valorizados?

Temos muito a ganhar com esse método simples, tanto na investigação da Natureza quanto em nosso dia a dia. A maturidade emocional e a maturidade racional devem andar de mãos dadas para que a verdadeira felicidade possa florescer…